Antonio Carlos Gomes da Costa
Jacques Delors,
coordenador do importante relatório “Educação, Um Tesouro a Descobrir” sobre o
futuro da educação, produzido para a UNESCO, coloca como eixo da educação
requerida pelos novos tempos o desenvolvimento de quatro aprendizagens básicas:
• Aprender a Ser: competência pessoal envolvendo aspectos como identidade,
autoconceito, autoestima, autoconfiança, projeto de vida e auto-realização;
• Aprender a Conviver: competência social, desenvolvendo dimensões como
integração, sociabilidade, ética, cidadania, solidariedade no processo
educativo;
• Aprender a Fazer: competência produtiva, através do desenvolvimento das
habilidades básicas, específicas e de gestão requeridas pelo mundo do trabalho;
• Aprender a Aprender: competência cognitiva, relacionada à capacidade das
pessoas de se prepararem para seguir aprendendo ao longo de toda a vida.
Essa maneira de
ver a educação rompe, de maneira muito clara, com as enteléquias (aquilo que encontrou o seu fim;
ente=dentro; telequias=fim, finalidade) que ainda vertebram a educação
ocidental. A “inteligência emocional” de Goleman, a “teoria das inteligências
múltiplas” de Gardner, e o “construtivismo” em seus diversos matizes, estão aí
para nos mostrar a extensão e a profundidade das transformações em curso.
De fato, a
distribuição do conjunto de atividades que ocorrem numa comunidade educativa,
em torno de três grandes eixos: (i) docência, (ii) práticas e vivências e (iii)
assistência-presença, constitui a maneira de se estruturar o cotidiano de uma
escola que mais se adéqua ao desenvolvimento das quatro competências propostas
por Jacques Delors.
No campo da
docência, além das revoluções no processo ensino-aprendizagem, estamos, através
dos novos parâmetros curriculares, confrontados com os conteúdos transversais,
que prometem inaugurar uma nova etapa nas relações entre a educação e o
cotidiano de cada comunidade e da vida social mais ampla.
Para as
práticas e vivências, antes de qualquer outra meta político-pedagógica,
deveríamos nos debruçar sobre outra meta: reumanizar (re=de novo, voltar; (h)umanizar=tornar humano,
humanização)
os relacionamentos humanos (parece vício de linguagem, mas não é!), não somente dentro
do ambiente de aprendizagem, mas também no ambiente de trabalho. Afinal, não se
pode tentar aplicar com as novas gerações aquilo que não se vivencia entre nós
educadores, mesmo porque a educação se dá mais pelo exemplo do que por belas
palavras.
Quanto à assistência-presença, podemos dizer que se trata de uma
prefiguração genial de Dom Bosco, antecedendo-se em mais de um século ao que
hoje chamamos de inteligência emocional, ou seja, uma relação educador-educando
marcada pela abertura, pela reciprocidade e pelo compromisso com o crescimento
do outro.
COSTA, A.C.G. A educação interdimensional. Disponível em: http://migre.me/t8i7g.
Acesso em 29 fev 2016.
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