domingo, 30 de outubro de 2016

"QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO"


Antonio Carlos Gomes da Costa

Jacques Delors, coordenador do importante relatório “Educação, Um Tesouro a Descobrir” sobre o futuro da educação, produzido para a UNESCO, coloca como eixo da educação requerida pelos novos tempos o desenvolvimento de quatro aprendizagens básicas:
Aprender a Ser: competência pessoal envolvendo aspectos como identidade, autoconceito, autoestima, autoconfiança, projeto de vida e auto-realização;
Aprender a Conviver: competência social, desenvolvendo dimensões como integração, sociabilidade, ética, cidadania, solidariedade no processo educativo;
Aprender a Fazer: competência produtiva, através do desenvolvimento das habilidades básicas, específicas e de gestão requeridas pelo mundo do trabalho;
Aprender a Aprender: competência cognitiva, relacionada à capacidade das pessoas de se prepararem para seguir aprendendo ao longo de toda a vida.
Essa maneira de ver a educação rompe, de maneira muito clara, com as enteléquias (aquilo que encontrou o seu fim; ente=dentro; telequias=fim, finalidade) que ainda vertebram a educação ocidental. A “inteligência emocional” de Goleman, a “teoria das inteligências múltiplas” de Gardner, e o “construtivismo” em seus diversos matizes, estão aí para nos mostrar a extensão e a profundidade das transformações em curso.
De fato, a distribuição do conjunto de atividades que ocorrem numa comunidade educativa, em torno de três grandes eixos: (i) docência, (ii) práticas e vivências e (iii) assistência-presença, constitui a maneira de se estruturar o cotidiano de uma escola que mais se adéqua ao desenvolvimento das quatro competências propostas por Jacques Delors.
No campo da docência, além das revoluções no processo ensino-aprendizagem, estamos, através dos novos parâmetros curriculares, confrontados com os conteúdos transversais, que prometem inaugurar uma nova etapa nas relações entre a educação e o cotidiano de cada comunidade e da vida social mais ampla.
Para as práticas e vivências, antes de qualquer outra meta político-pedagógica, deveríamos nos debruçar sobre outra meta: reumanizar (re=de novo, voltar; (h)umanizar=tornar humano, humanização)  os relacionamentos humanos (parece vício de linguagem, mas não é!), não somente dentro do ambiente de aprendizagem, mas também no ambiente de trabalho. Afinal, não se pode tentar aplicar com as novas gerações aquilo que não se vivencia entre nós educadores, mesmo porque a educação se dá mais pelo exemplo do que por belas palavras.
Quanto à assistência-presença, podemos dizer que se trata de uma prefiguração genial de Dom Bosco, antecedendo-se em mais de um século ao que hoje chamamos de inteligência emocional, ou seja, uma relação educador-educando marcada pela abertura, pela reciprocidade e pelo compromisso com o crescimento do outro.


COSTA, A.C.G. A educação interdimensional. Disponível em: http://migre.me/t8i7g. Acesso em 29 fev 2016.

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