domingo, 30 de outubro de 2016

“OUTRO, O”

A considerar que o ser humano deixou a caverna e se deparou com o mundo ao seu redor, percebeu bem mais que seres estranhos e a imensidão à sua frente; percebeu que havia alguém mais e além dele: o “outro”. O “outro” é um ser muito próximo e parecido com o ser humano e o interpela de vários modos: quer na agitação de si quer no silêncio; quer no contato quer na distância. O “outro” é sempre alguém além de nós mesmos, em quem se projeta um montão de coisas e se cria expectativas, boas ou ruins, dependendo da situação. Quando se está bem consigo mesmo, as projeções sobre o “outro” são as melhores possíveis; quando, porém, as nuvens estão carregadas, então o “outro” serve como válvula de escape ou “bode expiatório”, que é usado para expiar todas as maledicências e como baú de todos os defeitos. O “outro”, todavia, não deveria ser uma coisa útil ou peça de escoramento, do qual se dispõe ao sabor do vento, mas, antes, deveria ser considerado como um outro ser, com necessidades, sentimentos, aspirações e medos – tão válidos e reias quantos os de si próprios. Acontece, no entanto, que desde o nascimento se é moldado a olhar para o próprio umbigo, vai sendo criada a falsa ideia de que o mundo deve girar em torno dele e somente a ele se deve prestar a atenção, e isso faz com que o “outro” deixe de ser alguém e passe a ser somente mais um – e quando se é apenas mais um, pode ser substituído sem nenhum problema ou crise de consciência. Acaba-se por esquecer que é o “outro” que permite ao ser humano ser um ser relacional e formar convivência e que sem este “outro” ou “eu” ficaria solto, solitário. E para você, que é este “outro”? Como você tem mantido esta relação? Pense nisso.
26/04/16_Fbandeira

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